domingo, 16 de dezembro de 2012

As Crônicas do Gelo e do Fogo - Livro 5 - A Dança dos Dragões


A noite estava fétida com o cheiro de homem. O warg  parou debaixo de uma árvore e farejou, com a pelagem  cinzenta-acastanhada pintalgada de sombras. Um suspiro de vento com  aroma de  pinheiro trouxe-lhe o odor  de  homem, por sobre cheiros mais  tênues que falavam de raposa e lebre, de foca e  veado, mesmo de lobo. O  warg  sabia que estes eram também cheiros de homem; o fedor de peles  velhas, mortas e azedas, quase 
afogadas sob os odores mais fortes  de  fumo,  sangue e podridão. Só o homem despia as peles aos outros animais e as usava. Os wargs  não temem o homem como os lobos temem. O ódio e a fome enrolaram-se  em sua  barriga, e soltou um longo rosnado, chamando  pelo irmão zarolho, pela irmã pequena e matreira. Enquanto corria através  das árvores, os companheiros de alcateia seguiram-no de perto. Tinham  também detectado o cheiro. Enquanto corria, via também através dos olhos  deles e vislumbrava-se à sua frente. O hálito da alcateia fazia sair nuvenzinhas  tênues  e brancas de longas mandíbulas cinzentas. Gelo formara-se  entre as patas deles, duro como  pedra, mas a caçada estava agora lançada,  tinham as presas em frente.  Carne  pensou  o warg, comida. 


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